Participar de um evento muito aguardado no universo do vinho, já causa certo frisson, porém, quando evento é o lançamento mundial da safra 2014 do icônico Pêra-Manca, é realmente fantástico! Sim, esse momento esperado pelos amantes desse reverenciado vinho que possui uma legião de apreciadores no Brasil, aconteceu na Capital Federal no último 10/4 e foi organizado pela Adega Alentejana. Quem conduziu a degustação pessoalmente foi ninguém menos que o renomado enólogo Pedro Miguel Frade Pereira Baptista, que veio acompanhado do presidente do Conselho Executivo da Fundação Eugénio de Almeida, José Mateus Ginó.
O lançamento aconteceu no Restaurante Lago (QI 5 – Lago Sul) do chef Marcelo Petrarca que assinou o menu de harmonização. Tive oportunidade de conversar com o enólogo Pedro Baptista, durante da degustação, que disse estar extremamente satisfeito com os resultados da safra 2014,
“ Esse vinho corresponde perfeitamente a colheita de alto nível de 2014, com critérios e expectativas excepcionais estamos prevendo uma capacidade incrível de evolução do vinho” explicou o enólogo.
A produção do Pêra-Manca tinto 2014, foi de 21 mil garrafas, porém, a produção habitual do vinho não ultrapassa 30 mil garrafas. No Brasil a legião de apreciadores devotados do Pêra-Manca, contribuiu para que um terço da produção seja exportada para cá. Mas, a grande parte atende ao mercado interno português, e também o mercado de Angola, outro grande país apreciador e comprador do Pêra-Manca.
Fundação Eugénio de Almeida
A Fundação Eugénio de Almeida é um dos mais respeitados nomes de Portugal. Seus vinhos estão entre os tintos e brancos alentejanos mais apreciados no país como no exterior – e especialmente no Brasil.
Rótulos como Vinea, EA, Foral de Évora, Cartuxa, Scala Coeli e o prestigioso Pêra-Manca foram determinantes para colocar o Alentejo na rota internacional do vinho, ocupando diversas faixas de preço, e atendendo um grande público mundo afora. A Fundação Eugénio de Almeida possui nada menos que 400 hectares de vinhedos distribuídos em quatro propriedades na sub-região de Évora.
As castas autóctones são as estrelas na produção de seus vinhos, entre elas, as brancas: Antão, Arinto e Roupeiro, e as tintas Trincadeira, Castelão e Aragonez. Além dos vinhos bem talhados, saborosos e macios, o edifício Adega Cartuxa é um verdadeiro patrimônio histórico. Na Idade Média, funcionava como Casa de Repouso dos Jesuítas. Em 1776, equipado com um lagar para a fermentação da uva, já abrigava uma adega de produção de vinhos e, como o Mosteiro da Cartuxa fica muito próximo, passou a ser conhecido como Adega Cartuxa naquela época. Em 1869, foi adquirido pela família Eugénio de Almeida, tornando-se para sempre um emblema dos vinhos alentejanos. Hoje, na Adega Cartuxa original é possível conhecer os equipamentos vitivinícolas do passado, como ânforas e depósitos de cimento. Uma nova Adega Cartuxa foi construída sob os conceitos modernos de vinificação e é lá que, atualmente, surgem alguns dos vinhos mais internacionais de Portugal sob a chancela da Fundação Eugénio de Almeida.
Os Vinhos Degustados:
Foram servidos os seguintes vinhos:
- Cartuxa Branco, 2017
- Tapada do Chaves Branco, 2014
- Tapada do Chaves Tinto Reserva, 2013
- Pêra-Manca Branco, 2016
- Pêra-Manca Tinto, 2014
Vamos fazer referência aos dois ícones da noite: Pêra-Manca branco 2016 e tinto 2014
Pêra-Manca Branco 2016 – Cartuxa
Tão reverenciado quanto sua versão em tinto, o Pêra-Manca branco é elaborado com as típicas uvas Antão Vaz e Arinto, de vinhedos próprios da Fundação Eugénio de Almeida, e com fermentação parcial em barricas de carvalho francês, um vinho que esbanja a autenticidade e a personalidade do Alentejo nos aromas intensos, que combinam notas frutadas e minerais. Macio e cheio de frescor, trata-se de um vinho branco gastronômico e muito atraente.
Pêra-Manca Tinto 2014 – Cartuxa
Elaborado das castas Trincadeira (55%) e Aragonês (45%) – a primeira aporta estrutura e a segunda acidez – sendo que a safra 2014, levou maior percentual de Trincadeira, como explicou Pedro Baptista, “… a decisão foi tomada em face das características do clima naquele ano e a maturação das uvas”. Após a colheita as uvas foram selecionadas minuciosamente “bago a bago” e esmagada delicadamente. Estagiou por 18 meses em barricas de carvalho francês. Todo esse processo cuidadoso aportou ao vinho uma boa estrutura, aromas com a tipicidade dos tintos alentejanos, A exuberância aromática e coomplexo de flores silvestres, notas balsâmicas, pinho, suave nuance de resina e chocolate branco. No palato impressiona pelo frescor e a integração da madeira e frutas chega a perfeição. Os taninos estão bem marcantes e apesar de estar pronto para ser consumido, é um vinho que merece mais tempo de guarda, para uma evolução maior, certamente o tempo contribuirá para aromas e sabores ganharem mais complexidades. Uma joia de Évora que já chega consagrado pelo mercado e mídias especializadas. Foi laureado pela Revista de Vinhos com o Prêmio Excelência, a mais alta premiação atribuída pela publicação especializada, e conhecido como os “Óscares do vinho em Portugal”, premiou os melhores vinhos nas categorias de Prêmios de Excelência, que são os vinhos excepcionais, os melhores entre os melhores. O vinho chega ao mercado por cerca de €220 por garrafa.
Edição: SuMaestri
Fonte histórica: www.publico.pt/2017/11/30/fugas/noticia