A Salton chega acelerada aos 110 anos. Com crescimento de 70% na última década, a vinícola de Bento Gonçalves-RS encerra o período marcada pela expansão da viticultura de precisão, a ampliação do portfólio de produtos, a consolidação da liderança na venda de espumantes e o desbravamento do mercado externo. Aos investimentos em tecnologia de produção, iniciados ainda na década de 1980, seguiram-se os aprimoramentos nas áreas de viticultura e enologia, com a colaboração de consultorias estrangeiras; o pioneirismo nos vinhos finos com a linha Classic, de 1999; a introdução do prosecco no Brasil e dos primeiros tintos nobres de padrão internacional, como o Salton Talento, a partir de 2004; a rastreabilidade da matéria-prima e o cultivo de vinhedos próprios na região da
Campanha; e a profissionalização da empresa, comandada hoje pela quarta geração à frente da companhia, que tem a missão de inserir a Salton entre os maiores expoentes da vitivinicultura do Novo Mundo.
Em 2019, a marca que lidera o mercado nacional de espumantes há 15 anos chegou ao posto de número 1 entre as marcas de vinhos mais reconhecidas no Brasil (segundo a Wine Intelligence, pesquisa Global Wine Brand Power), entre nacionais e estrangeiras, e conquistou destaque no renomado concurso francês Effervescents Du Monde. Neste mesmo ano, também inaugurou sua Enoteca, em São Paulo, espaço onde recebe clientes para experiências em torno do vinho. Um ano antes, em 2018, lançou a marca-conceito Domenico, dedicada à exploração de rótulos experimentais. Nessa trajetória intensa, iniciada por Paulo Salton e irmãos em 1910, evidenciam-se episódios que demonstram resiliência e capacidade de inovação. Uma saga empreendedora intrinsecamente ligada à história do vinho no país.
“Ao longo desses 110 anos, principalmente a última década, passamos a olhar para o processo de forma mais especializada”, diz Maurício Salton, diretor-presidente da Salton. “Redefinimos padrões técnicos para nossas parcerias, modernizamos estruturas, qualificamos fortemente nossa gestão e o principal: buscamos diariamente fazer a diferença na vida das mais de 1,5 mil pessoas que, de alguma forma, estão diretamente envolvidas com a Salton, seja promovendo o seu desenvolvimento ou apoiando em diversas iniciativas sociais.”
Mercado
Na última década a Salton vem se firmando como uma empresa com diferentes frentes de negócios, incluindo, além dos vinhos, bebidas não-alcoólicas, destilados e empreendimentos com enfoque turístico. A empresa encerrou 2019 com 36,8 milhões de garrafas vendidas e um crescimento de 17,5% no faturamento em relação ao ano anterior. É líder de vendas de espumantes nacionais com 33% de market share, segundo dados da Nielsen. Os espumantes representam 41% de sua receita, seguidos dos destilados, com 24%, vinhos, com 22%, e não-alcoólicos, com 13%. Desde 2017, contando com uma equipe local nos EUA, as exportações crescem continuamente. No ano passado foram embarcadas cerca de 800 mil garrafas para 25 países.
Em 2018, é lançada a Domenico, primeira marca-conceito da Vinícola Salton, fruto de um trabalho iniciado há cerca de 10 anos. O novo braço da empresa revela um desejo de experimentação motivado pela busca de uma identidade singular para o vinho e o espumante brasileiros. Vêm da Domenico os rótulos Campanha, das variedades de uva Marselan e Tannat, e Giornata, prosecco que simboliza a rica trajetória da vinícola, elaborado a partir dos melhores cachos das uvas de produtores selecionados através de um trabalho de rastreabilidade iniciado em 2004. Para chegar até aqui, entretanto, a Salton vem reinventando-se década após década sem nunca deixar de lado sua tradição.
História – um legado como destino
Em 1910, o espírito desbravador presente no DNA da família começou a aflorar quando Paulo Salton, um dos filhos de Antonio Domenico Salton, formalizou os negócios da então Casa di Pasto do pai transformando-a em um Armazém. Em 1922, os irmãos de Paulo aderem ao empreendimento, ampliando a comercialização dos produtos para além das fronteiras gaúchas. Em poucos anos, a Paulo Salton & Irmãos já era classificada como indústria de grande porte, com produção anual de 120 mil litros de vinho, 12 mil quilos de queijo, 150 mil quilos de salame, vendidos em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1933 a Salton inicia sua produção de espumantes. Pelo método tradicional, são fabricados os rótulos Brut e Meio Doce. Na década de 1940, a vinícola dá início a outra tradição: começa a produzir o vinho canônico, específico para missas, e torna-se a primeira marca autorizada pela Cúria. Ainda hoje, o vinho canônico Salton – mais alcoólico e doce que os vinhos de mesa e finos – abastece igrejas católicas em todo o Brasil. Também na década de 1940, nos pós-guerra, a crescente industrialização do país leva a Salton a investir em técnicas de refrigeração, permitindo um aumento significativo de sua capacidade produtiva.
Na década de 1950, uma parte da família que havia se estabelecido em São Paulo inaugura uma nova unidade fabril, que tem como carro-chefe um destilado, o Conhaque Presidente. Até hoje o produto compõe o portfólio de destilados da Salton, que responde por um quarto da receita total. Também nessa década a empresa importa da França um moderno sistema compacto de engarrafamento e aumenta sua produtividade. Em 1961, outro produto Salton, o vinho Presidente, um dos primeiros rótulos brancos de destaque nacional, cai no gosto do então presidente Jânio Quadros e torna-se o vinho oficial da Presidência da República.
Em 1977, Ângelo Salton Neto, nascido em São Paulo e membro da terceira geração da família, inicia sua carreira na empresa que viria a presidir por 28 anos. O engenheiro que cresceu praticamente dentro da unidade fabril paulista intensificou os investimentos em tecnologia e deu início à produção dos primeiros vinhos e espumantes finos do mercado brasileiro, tendo como marcos a linha Classic (1999), a introdução do prosecco brut (2000), este atendendo a uma demanda que ele sentia nos restaurantes paulistanos, e o Talento (2004), primeiro rótulo tinto nacional de padrão internacional, que conquistou formadores de opinião e exigentes consumidores.
Em 2004, a Salton transfere sua sede do centro de Bento Gonçalves para o distrito de Tuiuty. Nas novas instalações, em uma área de 30 mil², inicia os projetos na área do enoturismo e amplia sua capacidade
de produção para 21 milhões de litros, com mais de 300 tanques de aço inoxidável. Em 2005, consolida-se
como líder na venda de espumantes.
Em 2009, Daniel Salton, diretor já com vasta experiência na empresa, assume o comando e dá sequência ao aprimoramento da qualidade e profissionalização nas áreas de viticultura e enologia. Em 2012, dá os primeiros passos na viticultura de precisão na propriedade de Santana do Livramento, na Campanha gaúcha, e amplia os investimentos em vinhedos próprios e na modernização dos processos produtivos. Em 2015, a unidade de São Paulo é transferida para o município de Jarinu, onde amplia-se a fabricação de destilados. A diversificação de portfólio segue nos anos seguintes com o lançamento de sucos e chás. Em 2018, Daniel passa o bastão a seu filho Maurício, que trabalha na empresa desde o início de sua carreira. A quarta geração da família à frente do negócio conta ainda com Luciana Salton, na diretoria-executiva, Gregório Salton, enólogo e diretor técnico júnior, e Stella Salton, como gerente de marketing. Cabe a eles a missão de reafirmar a expressão do vinho brasileiro perante um crescente público, interno e externo, deixando como legado para as próximas gerações um lugar seguro para o Brasil na enologia mundial.
Vinícola Salton – Rua Mario Salton, 300 – Distrito de Tuiuty, Bento Gonçalves – RS. Telefone: (54) 2105-1000
Enoteca Família Salton – Avenida Pacaembu, 1911, Pacaembu, São Paulo – SP. Telefone: (11) 2281-3300
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