Os últimos anos da nossa história, severamente impactados pela Covid e depois pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, influenciaram fortemente a nossa liberdade e os nossos estilos de vida.
Nem as trufas, ícone da alta gastronomia escapou dos desconfortos da época. Certamente não estamos falando de seu consumo, já que as classes sociais mais abastadas certamente não mudaram seus costumes e, ao contrário, aumentaram em número. Estamos falando das condições ambientais que limitam o crescimento de um produto que se desenvolve em área bastante limitada.
O fenômeno da tropicalização faz-se sentir e prejudica o crescimento deste fungo que cresce debaixo da terra, próximo à raízes de árvores como o Carvalho, a Aveleira e o Salgueiro, e que necessita de humidade e clima frio para se desenvolver. A Itália foi impactada neste ano com um verão muito quente e com pouca chuva, condições que ainda persistem. As temperaturas atuais no Norte do país estão estabilizadas e mantem a média de 22 graus. A trufa, consequentemente, sofre particularmente com esse fenômeno
A trufa negra, sendo cultivável, é menos afetada por esses problemas, enquanto a Tuber Magnatum Pico, a trufa alba branca – a mais cobiçada do mundo -, produzida de forma absolutamente espontânea, sofre com essas alterações do clima.
O sofrimento, portanto, afeta a quantidade da colheita, que é menor. O tamanho das trufas também é reduzido. De fato, neste momento não é fácil encontrar aqueles esplêndidos exemplares, com mais de 100 gramas, que são a alegria e a ambição de todos os adeptos da refinada iguaria. Além disso, a qualidade do produto não é excepcional, pois o clima quente e seco prejudica sua consistência e limita muito seu aroma, que é a característica que torna a trufa um fenômeno impactado pelas mudanças climáticas que assolam o planeta.
Os preços das trufas também são flutuantes: sofrem com a baixa disponibilidade do produto e oscilam, de um dia para o outro, entre 2.500 e 5.000 € por quilo, na fonte, com óbvias dificuldades de negociação.
O mercado de trufas no norte da Itália, está em constante movimento e, nas colinas das serras do Langhe, Roero, Monferrato e Tortona, espera-se um retorno à normalidade sazonal das temperaturas, e algumas “boas” perturbações climáticas, que nos remetem a esse cheiro, tão intenso e envolvente, que faz da trufa do Piemonte uma preciosidade inigualável.
“Precisamos tanto para nos reencontrar e sonhar”. Esse é o apelo emocionante dos ”Cacciatori di Tartufi”, da região do Piemonte.
Como identificar a trufa branca:
Não, a trufa não é branca! Sua cor tem tons amarelados e algumas nuances de ocre. Por dentro, a cor não altera, mas tem tons marmorizados e veios brancos podendo ter variações de tonalidades e sua forma é irregular e arredondada.
Edição: Su Maestri
Texto: Roberto Bianco (Piemonte)
Su Maestri (Brasil)
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