A vinícola que leva o nome de um mosteiro faz degustação em Brasília em parceria com a importadora Adega Alentejana e a Taberna Lusitana

Participei juntamente com um pequeno grupo de jornalistas e colunistas especializados em enogastronomia de um jantar harmonizado incrível. A experiência dos vinhos degustados ainda reverbera, tal a qualidade do produtor. Estou mencionando, nada mais, nada menos, que a Cartuxa, a célebre vinícola portuguesa que pertence à Fundação Eugénio de Almeida. Para conduzir a degustação, o diretor comercial e marketing da FEA, João Teixeira, veio de Portugal para um giro pelo Brasil para promover a marca, e falar da excelência e da qualidade da Adega Cartuxa que define o clássico do Alentejo.
A degustação aconteceu na Taberna Lusitana (CLS 412 Bloco C loja 7), restaurante que já conquistou o paladar de quem aprecia a boa e farta cozinha típica de Portugal. Fomos recebidos pelo proprietário Tiago Reis, nascido em Lisboa e que transformou seu restaurante em um pedacinho lusitano na Capital Federal.
A histórica Cartuxa e seu legado
Cartuxa pertence a uma grande e importante família, a Fundação Eugénio de Almeida, e para retratar a história dessa icônica vinícola, voltamos a 1913, ano em que nasceu o seu fundador Vasco Maria, numa das mais influentes famílias do século XIX. Natural de Lisboa, cedo estabeleceu laços com Évora e o Alentejo, onde a família detinha um extenso patrimônio.
Vasco Maria sempre considerou as pessoas como a variável de maior valor, em função da qual organizava todos os seus esforços. Entre eles, destaca-se a revitalização da atividade vitivinícola e a aposta na plantação de uma vasta área de castas autóctones e olivais nas proximidades de Évora, que resultaram nos vinhos e azeites até hoje produzidos e aclamados no mundo todo.
Para atribuir um sentido ao legado deixado por seus antepassados, Vasco Maria Eugénio de Almeida, que não tinha herdeiros, criou, em 1963, a Fundação Eugénio de Almeida, à qual doou todo o seu imenso patrimônio e deixou a missão de promover o desenvolvimento cultural, educativo e social da região de Évora. O que permite à Fundação Eugénio de Almeida concretizar o sonho humanista do seu fundador, quer através da realização de projetos e atividades para a comunidade, quer através do apoio financeiro a instituições e particulares, é principalmente a produção dos vinhos e azeites da Adega e Lagar Cartuxa.
Os vinhedos
A área de vinhedos da Fundação Eugénio de Almeida é composta pelas vinhas das: Herdades de Pinheiros, Casito, Álamo de Cima, Álamo da Horta e Quinta de Valbom. A Fundação conta com mais de 600 hectares de área de cultivo próprio, com vinhas em permanente processo de renovação e reconversão.
É com base na qualidade da matéria-prima que se desenvolve toda a produção vinícola da Fundação, e que lhe confere a posição de produzir vinhos de extrema qualidade. Os padrões definidos para a qualidade da uva são de grande exigência, sendo feita uma análise e escolha meticulosas das parcelas (em termos de natureza do solo, relevo, exposição solar), das castas utilizadas e de todos os demais procedimentos técnicos de intervenção na videira durante a produção do fruto.
A seleção das castas que sustentam a produção vinícola da Fundação resulta da combinação entre a vasta experiência adquirida e a informação científica de que hoje se dispõe. A escolha das castas alentejanas consagradas e recomendadas para a Denominação de Origem Controlada Alentejo, sub-região de Évora, tem sido fundamental na criação dos vinhos. Nos vinhos brancos são usadas sobretudo castas alentejanas reconhecidas como a Roupeiro, a Antão Vaz e a Arinto, enquanto os vinhos tintos são obtidos a partir de castas tradicionais, como a Trincadeira, a Aragonês e a Castelão.
Vinhos Degustados:

1º vinho – Fomos recepcionados com uma generosa taça do vinho branco Monte de Pinheiros Branco Cartuxa, elaborado com as castas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro, cor citrina com reflexos esverdeados, com muita limpidez, mostrou aromas que denotam frescor e toques de fruta brancas maduras, e notas minerais bem sutis. Apresentou bom volume e acidez vibrante em boca. Muito freso e festivo.
2º vinho – O Cartuxa Colheita Rosé; Safra 2021 – Um varietal de Touriga Nacional, a casta mais emblemática e típica de Portugal. Apresentou coloração rosé claro, com aromas elegantes de frutas vermelhas maduras com notas florais.
Em boca apresentou ótima estrutura, equilíbrio, frescor e boa acidez permitindo um final longo e agradável, que harmonizou com as tradicionais Pataniscas de bacalhau.
3º vinho – Tapada do Chaves Branco; Safra 2019 – Um blend de Arinto, Antão Vaz, Assario, Tamarez e Roupeiro, trouxe ao palato complexidade, equilíbrio e elegância. Entregou muito frescor e toque mineral delicioso. Finalizou elegante e com boa persistência, mostrando o caráter e identidade do Alentejo. Escoltou o Rissol de leitão, uma iguaria portuguesa deliciosa.
4º vinho – Cartuxa Colheita Tinto; Safra 2018 – Um clássico da viticultura alentejana, esse mítico vinho foi elaborado com Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão e Trincadeira, passou por estagio em barrica de carvalho francês por 12 meses e amadureceu mais 12 meses em garrafa antes de sua comercialização. Coloração vermelho granada, já mostrando sutil evolução com aromas marcantes de frutas vermelhas maduras, notas de tabaco e especiarias pretas. Em boca trouxe ótima acidez e se mostrou encorpado, poderoso e muito envolvente com seus taninos elegantes, redondos e domados. Final longo e persistente. Harmonizado com o Bacalhau ao Forno.
5º vinho – Cartuxa Reserva, Safra 2016. Esse clássico vinho produzido desde 1987, é absolutamente fiel às suas origens alentejana. As castas são Alicante Bouschet e Aragonez, cor granada e límpido. Muito macio e envolvente, é um tinto refinado, polido e acetinado. Profundo e elegante tem final longo e persistente. O vinho foi harmonizado com o tradicional Cabrito assado à moda portuguesa.
6º vinho – Cartuxa Colheita Tardia Branco – Fiquei surpresa com o frescor e acidez, que tornei esse vinho perfeito para finalizar uma refeição. Produzido apenas em duas safras o vinho licoroso foi elaborado comas castas Arinto, Roupeiro e Sémillon, e é o único vinho licoroso de Portugal produzido com uvas botritizadas, método muito comum na elaboração de Sauternes (França) e Tokay (Hungria), com colheita manual, e prensagem a pisa pé. Surpreendeu e acompanhou muito bem os pasteis de nata, um dos mais icônicos doces conventuais de Portugal.
7º vinho surpresa da noite: Scala Coeli 2017 – Vamos falar inicialmente da origem do nome “Scala Coeli” que homenageia o Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, conhecido popularmente como Mosteiro da Cartuxa, local onde os monges cartuxos viveram em oração e silêncio por séculos. Esse potente varietal de Alicant Bourchet, tem 16% de teor alcoólico e leva a assinatura dos enólogos Pedro Baptista e Duarte Lope. Produto resultado da melhor vinificação da colheita da Adega Cartuxa, com estágio de 15 meses em barricas de carvalho francês e mais 2 anos em garrafa, possui grande potencial de guarda.
Edição: Su Maestri
Crédito : DIvulgação
Fonte: Fundação Eugenio de Almeida